Olá!
O que me levou a escrever esse post foi uma dúvida de uma leitora, que me questionou como comprovei minhas limitações em relação ao glúten, então farei aqui uma retrospectiva de todo o processo que levei para descobrir o meu problema. Espero que este post seja útil para auxiliar mais pessoas a identificarem sintomas e conseguirem viver de forma mais confortável e saudável!
Fase 1: Sintomas
Como já mencionei algumas vezes, cerca de 1 ano, 1 ano e meio para cá, comecei a sentir muito desconforto devido a dores de barriga, gases, inchaço e diarreia, e não fazia ideia do que estava acontecendo. Por vários meses achei que era normal, e que somente algumas coisas que eu comia pioravam um pouco. Sentia também muita azia quando comia carnes, mas nunca liguei uma coisa à outra.
Quando as situações começaram a ficar mais chatas e constrangedoras, como ter que ir ao banheiro de urgência durante uma festa, ou quando nenhuma roupa mais ficava confortável por causa do inchaço, decidi que era hora de procurar ajuda, pois nunca tive problemas no intestino durante a vida toda e estes sintomas insistiam em ficar, então percebi que realmente não estava normal.
Fase 2: Pesquisa
Iniciei a pesquisa dos sintomas com um clínico geral, que solicitou alguns exames de sangue (hemograma e hemossedimentação), que comprovaram a existência de uma inflamação no meu organismo, especificamente no intestino. Este médico também solicitou um exame chamado coprológico funcional, que é um exame de fezes mais específico para verificar como anda a digestão de cada elemento no organismo.
Através destes exames, o médico diagnosticou que eu possuía uma inflamação intestinal, que o meu organismo não estava digerindo proteínas e que, possivelmente devido a esta má digestão, eu já apresentava um quadro de anemia leve.
Após estas conclusões, ele me passou um medicamento probiótico, para tratar a inflamação intestinal, e orientou que mastigasse melhor os alimentos antes de engolir, para facilitar a digestão das proteínas, e me pediu para voltar 1 mês depois para ele ver se eu tinha melhorado.
Fase 3: Experiências
Durante este período de 1 mês antes de retornar ao médico, fiz algumas pesquisas na internet e descobri que meus sintomas eram muito próximos de intolerância ao glúten. Decidi fazer uma experiência por conta própria, e retirei o glúten da alimentação durante uma semana. Pela primeira vez em meses, não tive inchaço, nem mal estar com gases, e nem diarreia ou cólicas intestinais. Ao final desta semana de bem estar tive um casamento, e lá comi vários salgadinhos e um prato de massa. No dia seguinte, não deu outra: barriga inchada, gases e plantão no banheiro!
Quando retornei ao médico, relatei esta minha pequena experiência e com isso, além dos exames, ele me diagnosticou com doença celíaca, e orientou que eu buscasse uma nutricionista e controlasse através da alimentação esta limitação. Ele comentou que existe uma biópsia do intestino que comprova a doença celíaca, mas que era um exame extremamente invasivo e que, no meu caso, como eu tinha melhorado apenas com o controle de alimentação, seria melhor continuar desta forma.
Desta forma, não obtive uma comprovação através de exames deste diagnóstico, mas de qualquer forma procurei uma nutricionista e iniciei minha reeducação alimentar.
Fase 4: Acompanhamento Nutricional
Iniciei meu acompanhamento com a Jaqueline em Julho, e deste então só tenho melhorado. No primeiro mês, retiramos completamente o glúten e a lactose do meu cardápio, e passei a me alimentar melhor e em intervalos menores, além de tomar alguns suplementos para complementar a alimentação (glutamina e probiótico). Este primeiro mês foi bastante controlado, pois eu tinha que deixar de ingerir alimentos que piorassem minha inflamação ao mesmo tempo que eu iniciava a reconstituição da flora intestinal.
No segundo mês de acompanhamento, após me sentir bem melhor, passamos a inserir alimentos mais ricos em vitaminas e antioxidantes, como as frutas vermelhas, o açafrão e a pimenta do reino. Após este segundo mês, entrei em férias e aconteceu tudo que já descrevi aqui.
Retornando das férias, após relatar o último mês na minha última consulta com a Jackie, ela falou que foi um grande avanço, pois por mais que eu tivesse abusado do glúten nas férias, eu teria passado mal mais vezes se ainda estivesse no meio de uma inflamação. Assim, concluímos que a minha crise de inflamação intestinal estava passando, e que eu poderia incluir o glúten novamente na dieta esporadicamente.
Outra coisa bacana que a Jackie me falou é que provavelmente eu não tenho doença celíaca, e sim uma hipersensibilidade ao glúten, que se manifesta e me prejudica quando eu o consumo em grandes quantidades.
Fase 5: Consulta com especialista
Durante as minhas férias, passei por uma consulta com um alergista, que solicitou alguns exames de sangue para testar alergias a diversos elementos, entre eles o glúten. No resultado do exame, uma surpresa: nada de alergia a glúten!!
Como retornei na nutricionista antes do médico, levei para ela ver os exames e ela me explicou que, quando o diagnóstico é de hipersensibilidade ao glúten, e não doença celíaca, muitas vezes os exames de sangue não acusam a reação alérgica ao glúten, e que isto só é comprovado através da experimentação na alimentação mesmo, pois a melhora é perceptível quando deixamos de consumi-lo.
Fase 6: Vivendo em equilíbrio
Assim, chego ao momento que estou vivendo atualmente. Após lidar com a crise que iniciou todo este processo, após mais ou menos 1 ano, tenho mantido a alimentação sem glúten durante a semana e comendo em casa, onde é muito mais fácil controlar o que eu como. Nos fins de semana e eventos sociais, quando não consigo evitar, posso comer algumas coisas com glúten em pequenas quantidades, que não passo mal como antes. Ainda tenho sim algum desconforto com inchaço e gases, mas não tenho mais todos os sintomas de cólicas e diarreias, e dificilmente isso causa desesperos e constrangimentos como antes.
Hoje, consigo me permitir sentir desconforto porque decidi comer algo que me deu vontade, mas tenho plena consciência de onde estas decisões podem me levar. Assim, procuro manter a alimentação leve e livre de glúten no meu dia-a-dia, para que possa aproveitar para comer algo com glúten em momentos especiais e de maior descontração, quando estou com amigos ou vou a algum restaurante, que são momentos que naturalmente tem menos opções de alimentação sem glúten.
Lembrando que este foi apenas o meu processo para descobrir e lidar com essa limitação ao glúten… A doença celíaca, alergia ou hipersensibilidade ao glúten se manifestam em graus diferentes nas pessoas. Se você apresenta sintomas parecidos, o ideal é procurar um médico e um nutricionista, e iniciar o seu próprio processo de pesquisa. Além de chegar a um diagnóstico mais coerente com os seus sintomas, você conseguirá estabelecer uma forma de alimentação mais saudável e adequada para a sua vida. 🙂